quarta-feira, 5 de março de 2008

Dueto



D E S P E R T E N C I M E N T O

QUIETINHA
ENCOLHIDA
ESPERA O TEMPO PASSAR
COM DIFICULDADES

ISSO NÃO LHE É COMUM,
MAS...NECESSÁRIO NESSE DIA.

SENTE-SE ESTRANHA
NESSE LUGAR
QUER SILÊNCIO
(IMPOSSÍVEL AGORA)

QUESTIONAMENTOS, ESTRANHAMENTOS, OLHARES
PENSOU: ISSO ME FAZ CHORAR!
MAS, NÃO É.

A VERDADE DA HORA
É QUE ESSE CHORO,
NO SILÊNCIO,
SEM LÁGRIMA PALPÁVEL,
ESSE CHORO SECO
FOI DE
D E S P E R T E N C I M E N T O
DESPERT (EN) CIMENTO

DO NÃO LUGAR
DA DUREZA
DO QUERER
NÃO ESTAR
ALI
ENCOLHIDA
QUIETA

Naiana


(des) P E R T E N C E R

Ela acordou
Abriu os braços
E amanheceu canção

Isso não lhe era comum
Mas inevitável nesse dia

Verteu o dia
O arrastou para
Cada centímetro de seu corpo

O céu azul, os sons, os risos e desejos

Não se sentiu estranha
Fez parte
Integrou

E sorriu

E então compreendeu
O que lhe fugia às agruras
Dessa vida

É que o pertencer
Faz-se

simplesmente

Sem perceber
Desperta na alma
Quase sem intenção

Como um quase não querer
Um toque e nada mais

Pérola


A primeira poesia, de Naiana, amiga querida, é poeta de nascença.
A segunda um diálogo, quase papo de bar.
Dessas conversas em que a gente pesca a amizade
E leva para casa para alimentar a alma.

Imagem: OBRANCO


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